domingo, 3 de junho de 2012

Poema 25 - Arriete Vilela



POEMA 25

                        Arriete Vilela


O Poema não devia esfolar a Palavra
que há dentro de mim,
pois se destrançam, assim, os fios de sisal
que prendem memória e realidade.

O Poema devia aliviar essa fascinante
e atormentada relação com o que sou,
com o que não sou,
numa dualidade quase fluida,
quase erótica.

O Poema não devia deserdar-me
do sonho comum,
das pessoas com seus olhos de isca
e de fastio.

O Poema devia esvaziar-me da Palavra
e de suas resistências,
para que eu seja apenas devaneio
à-toa.

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(Do livro Luares para o Amor não naufragar, 2012)

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